Dois líderes militares do Irã são mortos em bombardeio de Israel
O chefe da Guarda Revolucionária do Irã, o general Hossein Salami, e o chefe das Forças Armadas, general Mohammad Bagheri, foram mortos em bombardeios de Israel contra o país na noite de hoje (horário de Brasília; madrugada de sexta, no horário local). A informação foi divulgada pela TV estatal do Irã.
Barulhos de explosões foram relatados na capital, Teerã, e no entorno, segundo a agência de notícias iraniana Nour. O Irã está com a defesa aérea em alerta máximo, informou a Irib News, a TV estatal iraniana.
O que aconteceu
Salami era um dos principais personagens do campo militar iraniano. A Guarda Revolucionária iraniana é o grupo mais poderoso no Exército do país e foi criada depois da Revolução Islâmica de 1979.
Bagheri também era um dos principais líderes do regime iraniano. "O major-general Mohammad Bagheri, chefe do Estado-Maior do Exército, foi martirizado", disse a emissora estatal ao anunciar a morte do militar.
O Irã também confirmou as mortes de dois cientistas nucleares. Eles foram identificados como Mohammad Mehdi Tehranchi e Fereydoon Abbasi.
Ministro da Defesa israelense confirmou o ataque. Israel Katz afirmou que foi realizado um "ataque preventivo" contra o Irã.
Israel disse na madrugada de sexta-feira (horário local) que completou o "ataque inicial" contra o Irã, sem detalhar se fará novas fases. As FDI (Forças de Defesa de Israel) afirmaram que a operação, nomeada de "Leão em Ascensão", foi contra "dezena de alvos militares" e instalações nucleares relacionados ao programa nuclear do Irã.
"As FDI estão prontas para continuar a agir conforme necessário", disseram. Eles alegam que o Irã teria urânio enriquecido para fazer 15 bombas nucleares em poucos dias e precisaram atuar contra a "ameaça iminente". "Armas de destruição em massa nas mãos do regime iraniano representam uma ameaça existencial a Israel e uma ameaça significativa ao mundo em geral. Israel não permitirá."
"Vamos continuar a atacar o tempo que for necessário" até a conclusão da missão, disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Ele afirmou que Israel está em um "ponto decisivo" em sua história, acrescentando que o objetivo da operação é "atacar a infraestrutura nuclear do Irã, as fábricas de mísseis balísticos do Irã e as capacidades militares do Irã".
O governo de Israel alertou sua população de uma possível represália. "Após o ataque preventivo do Estado de Israel contra o Irã, espera-se um ataque de mísseis e drones contra o Estado de Israel e sua população civil no futuro imediato", disse o ministro da Defesa, Israel Katz.
Katz também disse ter assinado uma "ordem especial" para declarar estado de emergência em todo o país. "Vocês devem obedecer às instruções do Comando da Frente Interna e das autoridades e permanecer nas áreas protegidas", acrescentou.
Israel fechou o espaço aéreo para decolagens e pousos, informou o Ministério dos Transportes. Já o Irã suspendeu todos os voos no seu principal aeroporto, Iman Khomeini, localizado na capital, divulgou a TV estatal iraniana.
Atividades educacionais, aglomerações e idas ao trabalho, exceto em serviços essenciais, também estão proibidas. A determinação foi emitida pelo Comando da Frente Interna das FDI. Tzvika Tessler, do Comando da Frente Interna, disse ao Canal 12 que pode ocorrer um "ataque significativo com mísseis pesados", atingindo qualquer lugar do país, nas próximas horas.
Sirenes foram sendo ouvidas em todo o território israelense, segundo o Times of Israel. Porém, Tessler disse que a intenção do ruído era alertar a população que o país está prestes a entrar em "uma nova situação". Até 21h40, nenhum ataque havia sido lançado contra o país. Netanyahu convocou o seu gabinete de segurança.
'Não nos curvaremos ao regime nuclear do Irã', diz Netanyahu
Em pronunciamento, o primeiro-ministro disse que Israel não odeia o povo iraniano e que o regime iraniano é "tirânico e um inimigo em comum". "Por quase cinquenta anos, este regime roubou de vocês a chance de uma vida boa. Não tenho dúvidas de que o dia da sua libertação desta tirania está mais próximo do que nunca. E quando esse dia chegar, israelenses e iranianos renovarão a aliança entre nossos dois povos ancestrais. Juntos, construiremos um futuro de prosperidade, de paz, de esperança."
O premiê também falou que a ação é uma defesa ao Oriente Médio e aos parceiros israelenses. "Estamos defendendo o mundo livre do terrorismo e da barbárie que o Irã fomenta e exporta para o mundo todo", continuou. "Dias difíceis estão por vir, mas também dias excelentes", concluiu Netanyahu.
Casa Branca nega relação com o ataque
A Casa Branca afirmou que não esteve envolvida nos ataques. Mais cedo, Donald Trump reconheceu que Israel poderia atacar o Irã, mas havia solicitado que isso só ocorresse caso as negociações entre Teerã e Washington fracassassem.
O governo americano havia agendado uma reunião para o fim de semana com o Irã e a possibilidade de um acordo era real. Mas, para Israel, existia um risco real de que Teerã desenvolvesse uma tecnologia suficiente para se armas no curto prazo.
Os ataques ocorrem ainda no dia em que a Agência Internacional de Energia Atômica constatou que o Irã havia violado seus compromissos de não realizar enriquecimento nuclear.
Secretário de Estado dos EUA diz que Israel "tomou medidas unilaterais" contra o Irã. "Não estamos envolvidos em ataques contra o Irã e nossa principal prioridade é proteger as forças americanas na região. Israel nos informou que acredita que essa ação foi necessária para sua autodefesa", disse Marco Rubio.
O presidente Trump e o governo tomaram todas as medidas necessárias para proteger nossas forças e permanecem em contato próximo com nossos parceiros regionais. Deixe-me ser claro: o Irã não deve ter como alvo interesses ou pessoal dos EUA.
Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA
Em pronunciamento, o primeiro-ministro israelense agradeceu a Trump por "sua posição firme" anteriormente. "Ele [Trump] deixou claro repetidas vezes: o Irã nunca deve ter permissão para obter armas nucleares", disse.