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Eneva pode antecipar contrato de térmica diante de atraso em leilão de reserva, diz CEO

12/06/2025 16h30

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Eneva pode antecipar o contrato de uma térmica para ofertar cerca de 39 MW de energia ao sistema, enquanto o governo busca alternativas para compensar o atraso no leilão de reserva de capacidade, disse o diretor-presidente da elétrica, Lino Cançado, durante evento no Rio de Janeiro.

O executivo revelou nesta quinta-feira que a companhia poderia oferecer a antecipação do contrato da usina Parnaíba IV, que tem capacidade instalada para 56 MW, mas com 39 MW vendidos no leilão de reserva de 2021. A entrega dessa energia estava prevista inicialmente para 1º de julho de 2026.

"O governo tem o plano de adicionar 4,5 GW de potência e parte desse plano vai ser coberto com aquelas térmicas que venceram o último leilão de capacidade em 2021. Algumas delas estão prontas, e Eneva tem uma térmica pequena que vai poder ser antecipada...", disse ele a jornalistas durante o evento Enase.

A elétrica, de acordo com Cançado, ainda tem duas usinas contratadas, cujos contratos vencem em 2026 e 2027. Essas também poderiam participar do leilão de reserva de capacidade para serem contratadas em 2028.

"Temos cerca de 1 giga expirando entre 2026, 2027 e 2028. E ainda temos projetos novos", destacou o executivo.

Entre as alternativas para o lidar com o atraso no leilão de reserva de capacidade, o governo pode contratar unidades disponíveis que estão sem contratos, antecipar usinas e importar energia, disse o secretário-adjunto do Ministério de Minas e Energia, Fernando Colli, na véspera.

O ministério prevê abrir ainda neste mês uma consulta pública para realizar o leilão, enquanto vê o prazo "apertado" para o certame acontecer ainda em 2025, segundo Colli.

Cançado acredita que a consulta pode ser rápida.

"Temos quase certeza que o leilão vai ocorrer, a questão é quando, está se arrastando há algum tempo... historicamente, se tiver uma portaria hoje, estamos falando de um leilão no fim do ano", afirmou ele.

"Acho que 15 dias de consulta parece ser um prazo suficiente, uma vez que as discussões já acontecem há uns quatro ou cinco meses... todo mundo está com sua coisa pronta, opinião, papers e artigos prontos", adicionou o executivo.

O presidente da Eneva alertou que a demora na realização do certame ocorre num momento mais complexo para o setor de energia, visto que há uma forte demanda por equipamentos nos EUA.

Além disso, o executivo lembrou desde o último leilão de reserva capacidade até agora os preços dos equipamentos em dólar subiram cerca de 40%.

"Isso (o atraso) está piorando o cenário para Brasil", frisou Cançado.

"Vai ter que embutir no preço... quanto mais atrasa, mais pressão coloca no sistema e nos empreendedores interessados, porque fica mais difícil garantir a entrega do empreendimento na data necessária."

(Por Rodrigo Viga Gaier)

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