Topo
Notícias

Barco que seguia para Gaza interceptado por Israel chega ao porto de Ashdod

09/06/2025 09h30

O veleiro "Madleen", interceptado por Israel na manhã desta segunda-feira (9) enquanto tentava chegar à Faixa de Gaza com ajuda humanitária e 12 ativistas pró-palestinos a bordo, entre eles a sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila, chegou à noite ao porto israelense de Ashdod.

O barco, escoltado por duas embarcações da Marinha israelense, entrou no porto de Ashdod ao anoitecer, por volta das 20h45 locais (14h45 em Brasília), segundo um fotógrafo da AFP.

O veleiro da Coalizão Flotilha da Liberdade (FFC, segundo sua sigla em inglês) zarpou da Itália em 1º de junho com o objetivo de entregar ajuda à Faixa de Gaza.

Doze ativistas de França, Alemanha, Brasil, Turquia, Suécia, Espanha e Países Baixos estavam a bordo do 'Madleen', que pretendia "romper o bloqueio israelense" ao território palestino, mergulhado uma situação humanitária catastrófica após mais de um ano e meio de guerra.

O Exército israelense afirmou que a embarcação havia sido "abordada" durante a noite, sem especificar onde.

"Se você está assistindo este vídeo, fomos interceptados e sequestrados em águas internacionais"', disse a ativista sueca Greta Thunberg em um vídeo programado divulgado pela FFC.

Imagens divulgadas pelo movimento mostram os ativistas a bordo da embarcação usando coletes salva-vidas laranja, com as mãos levantadas durante a interceptação. 

Alguns entregaram seus telefones celulares, como foi solicitado, enquanto outros jogaram seus aparelhos e tablets no mar.

- Deportados de Israel -

Criada em 2010, a FFC é um movimento internacional não violento de solidariedade aos palestinos, que une ajuda humanitária e protesto político contra o bloqueio de Gaza.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel disse que, uma vez que o veleiro chegasse a Ashdod, os ageiros seriam desembarcados e enviados a seus países de origem.

A emissora Al Jazeera, do Catar, condenou o "ataque israelense ao barco" e exigiu a libertação de seu repórter Omar Faiad.

A ONG israelense Adalah, defensora dos direitos da minoria árabe, que afirma ter recebido a incumbência de defender os 12 ageiros do barco, declarou que eles seriam transferidos para um centro de detenção antes de serem deportados de Israel.

Entre os ageiros está a eurodeputada franco-palestina de esquerda Rima Hassan e outros cinco cidadãos ses. 

A França "transmitiu todas as mensagens" a Israel para que a "proteção" de seus seis cidadãos "esteja garantida" e eles possam "retornar a solo francês", declarou nesta segunda-feira o presidente Emmanuel Macron, que classificou o bloqueio humanitário a Gaza de "escândalo".

Já o governo brasileiro se pronunciou através de nota do Itamaraty, na qual disse acompanhar "com atenção a interceptação, pela Marinha israelense, da embarcação" em que estava o ativista brasileiro Thiago Ávila, e instou "o governo israelense a libertar os tripulantes detidos".

Além disso, ressaltou "a necessidade de que Israel remova imediatamente todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em território palestino, de acordo com suas obrigações como potência ocupante".

O Irã, inimigo declarado de Israel, condenou a interceptação do navio e a classificou como um "ato de pirataria". A Turquia classificou a operação como um "ataque odioso" efetuado em águas internacionais, o que constitui "uma violação flagrante do direito internacional".

Por sua vez, a ONG Anistia Internacional afirmou que "a interceptação do 'Madleen' por Israel e a detenção da tripulação violam o direito internacional". 

Após alcançar o litoral egípcio, o veleiro aproximou-se de Gaza apesar dos avisos israelenses contra qualquer tentativa de "romper o bloqueio marítimo" do território, "cujo principal objetivo é impedir a transferência de armas ao Hamas".

- 'Provocação midiática' -

O governo israelense acusou "Greta Thunberg e os outros de tentativa de encenar uma provocação midiática com a única intenção de fazer publicidade".

Israel enfrenta forte pressão internacional para encerrar a guerra em Gaza, onde a população é bombardeada diariamente e está à beira da fome devido às restrições impostas por Israel, segundo a ONU.

A guerra em Gaza entre Israel e o Hamas começou após o ataque sem precedentes do movimento islamista palestino em território israelense em 7 de outubro de 2023.

O ataque provocou a morte de 1.219 pessoas do lado israelense, a maioria civis, segundo um levantamento da AFP baseado em dados oficiais.

Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 54 continuam em cativeiro em Gaza. Destas, pelo menos 32 morreram, segundo as autoridades israelenses.

Até o momento, mais de 54.880 palestinos, sobretudo civis, morreram na operação militar israelense, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados confiáveis pela ONU.

Em 2010, uma flotilha internacional de oito navios de carga com quase 700 ageiros, que partiu da Turquia em uma tentativa de romper o bloqueio da Faixa de Gaza, foi interceptada por uma operação militar israelense que terminou com 10 ativistas mortos.

bur-phs/sag-hgs/pc/dd/aa/lm/rpr

© Agence -Presse

Notícias